quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A eleições do primeiro turno


Josênio Parente




                As eleições se aproximam e, com ela, a temperatura sobe. Já não vemos apenas o debate sobre as políticas sociais que irão trazer o desenvolvimento sustentado, mas já aparece a ausência da ética na política nacional. Este é um capítulo da política brasileira que merece mais reflexão. Mas não é sobre o tema que me animo a debater no momento, pois há um fato que merece mais destaque: a lógica desta eleição.

                Collor de Melo, ao permitir a importação de mercadorias, quebrou o modelo nacional desenvolvimentista, e introduziu uma competitividade na economia ainda não experimentada pelo empresariado. O mercado competitivo contaminou a sociedade com o interesse burguês nas relações sociais. Estava preparado o terreno para as ondas típicas de nossa revolução burguesa.

                A primeira onda que fez um presidente ganha as eleições no primeiro turno foi a da estabilidade da moeda. O capitalismo precisa de racionalidade para a realização do lucro. Foi Fernando Henrique Cardoso quem surfou nessa onda. Ganhou no primeiro turno e ainda teve fôlego para introduzir um segundo mandato para os presidentes que o sucederiam.

                E o mercado consumidor desse capitalismo? Lógico que estava predominantemente nos Estados Unidos e na Europa, os grandes beneficiários de neoliberalismo. Mas é o mercado interno quem vai fortalecer o capitalismo nacional e  explicar essa nova onda que permitirá também ganhar as eleições no primeiro turno: a transferência de renda.  Não a eliminação da desigualdade, mas já introduz, pela segunda vez,as massas na política.

                Esta eleição, portanto, está marcada por uma onda favorável, o fortalecimento do mercado interno e a inclusão social, onde Dilma surfa com mais tranqüilidade. E as eleições estaduais são arrastadas por essa nova onda  Na maioria dos Estados, as eleições serão resolvidas logo no primeiro turno. Nesse nível, essa onda se transforma em Tsunami.

                O governo Cid Gomes, no Ceará, não ficou alheio a essa conjuntura e aproveita o momento para consolidar uma liderança em ascensão. Resta saber o que será da eleição ao Senado. É lá que serão eleitos aqueles que negociarão com o próximo presidente ou presidenta. Embora este papel do Senado seja uma distorção de nosso presidencialismo de coalizão, é aí que serão eleitas as bases de nossa democracia para dois mandatos presidenciais. É a maioria daquela casa que está sendo eleita!


Fonte: E-mail
Em:07 de setembro de 2010 

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