terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Partidos de esquerda, governos e emergências políticas

Adelita Neto Carleial

No novo cenário brasileiro, pós-Lula e início do Governo Dilma Rousseff, a discussão sobre os rumos dos partidos de esquerda reveste-se de importância ímpar porque a direção política das massas, função principal dos partidos, tende a consolidar-se.

A importância dos partidos políticos de esquerda no Brasil evidencia-se com as eleições para os cargos supremos do poder institucional conquistados pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Daí se pode dizer que a função dos partidos de esquerda, da tomada do poder dos conservadores, está mais do que nunca atual.

Evidentemente, essa conquista é cheia de contradições e tensões. As mais evidentes contradições são as alianças que o PT tem costurado, na última década, visando a governabilidade, com outros partidos de esquerda, de centro e de direita moderada.

Além da ampliação do leque de alianças, os partidos brasileiros de esquerda se caracterizam pela articulação orgânica com os movimentos sociais populares, pela defesa da classe trabalhadora, dos direitos humanos, da preservação da natureza, da cultura e dos valores universais de liberdade e de justiça social.

Entretanto, essas defesas não garantem tais possibilidades coletivas. Enquanto for oposição, os partidos de esquerda podem com seus discursos exercer essas práticas políticas em suas manifestações, tranquilamente. Porém, quando conseguem o objeto de suas lutas históricas, o poder formal, eles precisam transitar do discurso para a ação política. Aí reside a grande dificuldade, pois, como a Política é uma ação social, ela envolve outros, com credos e ideologias diferentes, e é preciso conviver competindo com eles. Por isso, a presidenta Dilma Rousseff se emociona ao dizer que “agora sou a presidenta de todos os brasileiros” porque seu desejo é conciliar esses interesses antagônicos.

Ser partido de esquerda hoje no Brasil é fazer parte da política oficial. Isso significa mostrar eficiência, coerência, justeza e conquistar as massas para seu projeto político. Além disso, administrar a máquina governamental sem esquecer os princípios socialistas do sonho de transformar a sociedade para torná-la popular e democrática. Contraditoriamente, lidar com a produção capitalista, suas crises e sua natureza exploradora do trabalho, num jogo político de forças econômicas e sociais em disputa.

Nesses novos tempos, desafios precisam ser superados: mudar, consolidar-se, fazer reformas, crescer economicamente e diminuir as desigualdades sociais.

O Governo Lula mostrou um caminho, aprovado por ampla maioria do povo brasileiro. Ir para além e avançar nas reformas poderá diminuir o percurso até o bem-estar social almejado pelo povo brasileiro. Para isso, a direção política está com os partidos brasileiros de esquerda, conduzidos pela presidenta Dilma Rousseff, depois de décadas de luta social pela democratização do País.

Adelita Neto Carleial
Socióloga, professora e coordenadora do Curso de Ciências Sociaisda Universidade Estadual do Ceará (Uece)


Fonte:http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2011/01/04/noticiaopiniaojornal,2085628/partidos-de-esquerda-governos-e-emergencias-politicas.shtml

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